Apresentamos-te Iva, uma sobrevivente de 20 anos de Skopje, na Macedónia. A sua experiência tem sido uma mistura de altos, baixos e momentos inesquecíveis. A história de Iva é sobre força, encontrar o teu povo e abraçar as coisas boas que a vida tem para oferecer.
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Podes apresentar-te?
Olá, o meu nome é Iva, tenho 20 anos e vivo em Skopje, na Macedónia.
Qual foi o teu diagnóstico?
Foi-me diagnosticado um condrossarcoma de grau 2.
Podes dizer-nos como e quando soubeste do teu diagnóstico?
Os meus primeiros sintomas começaram quando tinha 14 anos de idade. Comecei a ter dores constantes no meu braço esquerdo, mas ignorei-as durante alguns meses. Praticava karaté e taekwondo, por isso pensava que a dor era causada por uma pancada forte ou pelo uso excessivo do braço. Depois, nas férias de verão, reparei num caroço mesmo no sítio onde a dor era mais forte e, assim que voltei para casa, os meus pais marcaram uma consulta médica. Foram precisos vários médicos diferentes e muitas consultas para confirmar o diagnóstico.
O que te motivou a fazeres parte da EU-CAYAS-NET e o que significa para ti?
Quando descobri a EU-CAYAS-NET não conseguia acreditar que este tipo de organização existia. Estava tão entusiasmada por conhecer pessoas que partilham experiências semelhantes, por poder relacionar-me com alguém mas, acima de tudo, por aprender sobre os cuidados posteriores e a transição para uma vida "normal".
Como é que o cancro mudou a tua perspetiva de vida?
O cancro mudou a minha vida de muitas maneiras, algumas boas e outras más. Fez-me perceber o quanto as pessoas se preocupam comigo, como a saúde é importante e porque não a deves tomar como garantida. Mas também me tornou mais cuidadoso, e até assustado, em certas situações relacionadas com a minha saúde. Lembro-me de ir a um parque de diversões com a minha mãe, alguns meses depois da minha última operação, e de olhar para uma montanha russa. A minha mãe perguntou-me se eu tinha demasiado medo para entrar e eu ri-me e disse: "Sobrevivi ao cancro, isto não tem nada a ver comigo."
O que te ajudou durante o processo de tratamento?
Desde que me foi diagnosticado, toda a gente à minha volta me mostrou tanto amor e apoio, e estou eternamente grata por isso. A minha família nunca saiu do meu lado. Vieram a todas as consultas, recolheram tudo o que precisávamos para a minha última operação na Áustria e sacrificaram as suas carreiras para ficarem comigo durante alguns meses. Os meus amigos fizeram tudo o que podiam para me fazer feliz. A minha melhor amiga e a minha irmã até cortaram o cabelo comigo quando os médicos disseram que o tratamento ia fazer com que o meu caísse.
Como é que a tua vida mudou desde o teu diagnóstico?
Ainda me debato com dores agudas e a minha força já não é o que era, mas estou grata pela experiência. Tudo aquilo por que passei transformou-me na pessoa que sou hoje. Fez-me apaixonar pela medicina e espero um dia poder diagnosticar e ajudar outras pessoas como eu. Também gosto de acreditar que me tornou numa pessoa genuína e atenciosa que está concentrada no caminho certo da vida.
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Se pudesses voltar ao dia em que te foi diagnosticado, o que dirias a ti próprio nessa altura?
Eu diria à pequena Iva para não se preocupar, e também para parar de brincar com o diagnóstico, porque as pessoas estão realmente preocupadas com ela. Falando a sério, acho que toda essa informação é muita para uma criança cuja única preocupação deveria ser começar o liceu. Ela devia tentar concentrar-se nas coisas boas e nas pessoas novas e fantásticas que vai conhecer.
O que gostarias que mais pessoas compreendessem sobre ser um jovem sobrevivente de cancro?
As pessoas deviam perceber que os jovens sobreviventes de cancro continuam a ser apenas jovens a tentar viver as suas vidas como qualquer outra pessoa. Alguns de nós não gostam de falar sobre as suas experiências porque isso faz com que as pessoas nos vejam de forma diferente, como frágeis.
Como gostas de passar o teu tempo livre?
Para além de sair com os amigos e fazer com que os meus pais se preocupem se vou chegar a horas, adoro ler e fazer caminhadas. Tento ser mais ativa na comunidade e comecei recentemente a fazer voluntariado.
Se pudesses aprender algo novo instantaneamente, em que é que gostarias de ter um curso intensivo?
Gostava muito de aprender a tocar um instrumento. Uma amiga minha tentou ensinar-me a tocar guitarra, mas ao fim de 20 minutos a única coisa que aprendi foi a irritá-la.
Tens um lema de vida? Que citação ou ditado te inspira mais?
Há um ditado na minha língua que se traduz por "Assustaria um urso, mas não a mim". Mudei-o para "Assustaria um urso, mas a mim duas vezes mais". Começou por ser uma coisa engraçada de se dizer, mas agora lembra-me que o medo é normal e que devo ultrapassá-lo.
O que tens na tua lista de desejos? Há alguma coisa que sonhes fazer ou realizar?
Este ano comecei a viajar e espero continuar a ver sítios diferentes, a conhecer pessoas novas e a viver outras culturas. Também estou a planear ir a uma corrida de Fórmula 1, que há muito tempo é um item importante na minha lista de desejos.
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Qual é o teu próximo objetivo pessoal?
O meu próximo objetivo é terminar a minha licenciatura. Estou a começar o último ano da minha licenciatura em bioengenharia e espero terminá-la a tempo.
Como é que lidas com as dificuldades?
Tento pensar nas coisas boas da vida, nas recordações felizes e nas pessoas genuínas. Depois de um breve colapso, concentro-me em encontrar soluções para melhorar a situação. Escrevo um plano e tento marcar todas as caixas.
Qual é a aplicação que mais utilizas no teu telemóvel?
Como toda a gente, não consigo parar de percorrer o Instagram, mas recentemente fiquei obcecada com a aplicação Health e o contador de passos, e estou a tentar ser mais ativa dia após dia.
Qual é o livro, filme ou canção que recomendarias a toda a gente?
Quando soube do meu diagnóstico, comecei a ver e a ler todas as comédias românticas do hospital para me reconfortar e o livro Five feet apart fazia-me sempre sorrir.



