Qual é o teu nome? Que idade tens? De onde és?
Chamo-me Hannah Gsell, sou austríaca e tenho 31 anos.
Qual é o teu diagnóstico?
Em 2006, aos 14 anos, foi-me diagnosticada uma leucemia linfoblástica aguda (LLA).
Como e quando soubeste do teu diagnóstico?
No verão de 2006, reparei pela primeira vez que não estava muito bem fisicamente e que ficava rapidamente sem fôlego durante a atividade física. Para além disso, estava muito pálido (ainda mais do que já estava ;)) e sempre cansado e apático. Depois, no início do outono, desmaiei numa caminhada, após os primeiros 100 metros, com fortes palpitações cardíacas e tonturas. Ficámos preocupados com o facto de eu ter problemas de coração e fomos para o hospital. Lá, rapidamente se verificou que eu, pelo menos, não tinha problemas cardíacos ...
O que é que a viagem através do cancro te ensinou?
Os sentimentos negativos são tão válidos como os positivos. O medo, o desconforto e a raiva fazem parte da vida e não tenho nada a ganhar em reprimi-los. Afinal de contas, eles voltam a aparecer a dada altura.
O que mais te ajudou durante o processo de tratamento?
Agora, isto pode parecer surpreendente, mas é preciso manter-se positivo e não ter a ideia de fazer a pergunta "Porquê". Tudo isto partiu de mim e foi muito fácil para mim e, durante o tratamento, foi exatamente a coisa certa a fazer.
O que mudou na tua vida desde o diagnóstico de cancro?
Tudo mudou, eu próprio e a minha vida. Eu era muito jovem quando adoeci, por isso às vezes parece que não havia muito antes disso. Passou muito tempo desde então, a minha história de cancro não me define, mas faz parte da minha história.
Se te encontrasses contigo próprio no dia em que te foi feito o diagnóstico, o que dirias ao teu "eu" mais novo?
Estás a ir muito bem. Lembra-te que podes aceitar ajuda, que ser fraco às vezes não é uma desgraça e que deixar os outros ajudarem não os sobrecarrega, mas dá-lhes a sensação de serem úteis.
O que gostarias de realizar no âmbito da EU-CAYAS-NET?
O cancro não acaba quando termina o tratamento. Certos problemas acompanham-te ao longo da vida, quer sejam apenas físicos ou psicológicos. As pessoas afectadas precisam de uma voz pública e de apoio dos seus pares para saberem que não estão sozinhas e poderem aprender com as experiências dos outros.
O que fazes nos teus tempos livres?
Passar tempo com a minha pessoa preferida, ler, beber café, passar tempo com o meu cavalo, fazer ioga, dar um passeio.
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Em que é que precisas/queres ter um curso intensivo?
Atualmente? Gostava muito de aprender a encadernar livros! Mas é bem possível que a resposta daqui a 2 semanas seja outra 😉
Qual é o melhor conselho que já recebeste?
Se deres o teu melhor, é tudo o que podes fazer.
Qual é o teu lema preferido na vida?
"A função correta do homem é viver, não existir. Não desperdiçarei os meus dias a tentar prolongá-los. Usarei o meu tempo." - Jack London
O que é que te faz brilhar instantaneamente?
Ver a minha pessoa preferida, o meu cavalo, uma boa chávena de café, o primeiro dia de primavera depois de um longo e escuro inverno, o mar, os raios de sol que atravessam a copa das árvores.
O que está na tua lista de desejos?
Uma viagem (ou várias) numa caravana pela Europa, um passeio no Expresso da Costa Verde, um passeio de trail em Espanha ou Itália à beira-mar e o máximo de navegação possível.
O que fazes para relaxar?
Basicamente as mesmas coisas que faço no meu tempo livre. Passar tempo com a minha pessoa preferida, ler, beber café, passar tempo com o meu cavalo, fazer ioga, dar um passeio.
O que te faz continuar todos os dias?
A vida e a possibilidade de dominares um novo dia.
Que objetivo pessoal gostarias de atingir a seguir?
Para encontrares o meu centro interior e a paz comigo mesmo.
O que é que faz com que a tua vida tenha um objetivo?
Estar vivo 😉
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Como é que lidas com as dificuldades?
Tento concentrar-me nas coisas essenciais (às vezes funciona melhor, às vezes menos) e tomar consciência de que tudo na vida tem o seu significado. E nem que seja apenas para aprenderes com isso.
Que lição foi mais difícil de aprender para ti?
Que a minha história de cancro deixou mais marcas em mim do que eu pensava. Pouco tempo depois, tive a sensação de que podia fazer tudo, que agora era invulnerável. Durante o período de tratamento, concentrei-me sempre no lado positivo e continuei com o tratamento. Só nos últimos anos é que tive de perceber que tudo isso mudou e deixou mais em mim. Os sentimentos negativos também têm a sua justificação.
Qual é a aplicação que mais utilizas no teu telemóvel?
Acho que o WhatsApp e o Signal e, para minha vergonha, o Instagram. Perco demasiado tempo nesta plataforma.
Qual é o livro que recomendarias definitivamente para ler?
Em relação aos livros, imagino que estejas a coçar a cabeça neste momento, mas definitivamente Harry Potter. E não, ter visto os filmes não é a mesma coisa 😉 Nestes livros trabalha-se tanto o simbolismo e os temas mais profundos, o amor, a morte, a amizade, os acontecimentos históricos refeitos, os temas teológicos tratados. Já li todos os livros muitas vezes e cada vez que os leio descubro algo novo.
Qual foi a última coisa que viste na TV/internet/Netflix e porque é que a escolheste?
A última série que vi foi "The Rookie". Já a tinha na minha lista há algum tempo porque gosto do Nathan Fillion. O último filme que vi foi "Coco", o meu filme favorito da Disney, que até derrubou "O Rei Leão" do seu trono. É um filme muito bonito sobre a família, a vida e a morte, passado no México.



