Lasma Nikolaisone, uma sobrevivente de cancro colorrectal da Letónia, sabe a importância de dar prioridade a si própria. Diagnosticada jovem, Lasma encontrou força no conhecimento e nos cuidados pessoais. Nesta entrevista, Lasma partilha a sua história, o poder de ouvir o teu corpo e a sua missão de criar uma comunidade para jovens doentes de cancro na Letónia.
![]()
Qual é o teu nome? Que idade tens? De onde és?
O meu nome é Lāsma, tenho 38 anos e sou da Letónia.
Qual é o teu diagnóstico?
Sou um sobrevivente de cancro colorrectal.
Como e quando soubeste do teu diagnóstico?
Foi-me diagnosticado um cancro colorrectal aos 33 anos de idade. Demorou algum tempo a ser diagnosticado porque o cancro do intestino está normalmente associado a pessoas mais velhas. Apesar do aparente aumento do número de jovens adultos afectados por esta doença, há cinco anos, os médicos não esperavam que alguém tão jovem como eu, sem problemas hereditários conhecidos, tivesse cancro do intestino. No entanto, devido à gravidade dos meus problemas intestinais, acabei por ser encaminhada para os exames necessários, que levaram ao diagnóstico.
O que gostarias de realizar no âmbito da EU-CAYAS-NET?
Esta é uma boa oportunidade para interagir com os jovens e sentir-me novamente parte deles. Tendo uma "doença de idosos" em tenra idade, mas ao mesmo tempo não sendo suficientemente jovem para me considerar parte da juventude, sempre me senti como um estranho. O espírito jovem deste projeto ensinou-me muito sobre a importância dos cuidados de sobrevivência e sinto-me muito inspirada a trabalhar nesta questão para garantir que este vazio é preenchido com os cuidados de que os sobreviventes necessitam. Também quero construir uma comunidade de jovens doentes e sobreviventes de cancro na Letónia e criar uma ONG para eles.
O que é que a experiência do cancro te ensinou?
Fazer de mim a primeira prioridade da minha vida. E para me ouvires e escutares. Ainda estou a aprender e, por vezes, devia ser mais compassiva comigo mesma e com as minhas necessidades. Mas estou muito consciente de como isso é importante.
O que mais te ajudou durante o processo de tratamento?
Tive muita sorte por já ter uma licenciatura em enfermagem e alguns conhecimentos básicos de medicina quando me foi diagnosticada a doença. Isso ajudou-me muito a racionalizar a doença e a experiência por que estava a passar. Acredito firmemente que o conhecimento é a ferramenta mais poderosa para combater o medo. Ao mergulhar na literatura médica, pude não só aprender sobre a doença, mas também participar ativamente no meu tratamento, fazendo perguntas específicas.
![]()
Tenta descrever-te em 3 frases
Sou uma pessoa naturalmente curiosa, sempre entusiasmada por aprender coisas novas. Não tenho medo de embarcar em viagens desconhecidas, mesmo que isso signifique começar do zero. Apesar de ser muito paciente e trabalhador, sou também um hedonista que consegue encontrar uma forma de aproveitar a vida mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
O que fazes nos teus tempos livres?
Adoro movimento e estar em movimento. Quando tenho algum tempo livre, vou dar um passeio ou andar de bicicleta. Se for uma saída à noite, gosto de ir dançar. Quando há um ou mais dias livres, faço viagens mais curtas ou mais longas, caminhadas ou ambos.
Em que é que precisas/queres ter um curso intensivo?
Sou apaixonado por montanhas, caminhadas e actividades ao ar livre em geral. Gostaria muito de tirar um curso de escalada. Melhorar as minhas capacidades e conhecimentos levar-me-ia a novas alturas e permitir-me-ia alcançar novos picos.
Qual é o teu lema preferido na vida?
Aproveita o dia. Para mim, a vida real é agora e só agora. Vivo um dia de cada vez e tento sempre vivê-lo ao máximo, sendo autêntico para mim e para os outros. Cada dia é especial porque tenho uma oportunidade única de o viver.
O que está na tua lista de desejos?
A minha própria casinha num sítio quente, perto das montanhas. Depois do cancro, o clima frio e húmido das estações não estivais da Letónia já não é para mim. E quero ver as montanhas e chegar até elas com mais frequência e facilidade do que quando vivo sempre na Letónia.
![]()
O que fazes para relaxar?
A forma mais útil e rápida é perderes-te na música enquanto a ouves. Se tiver tempo, vou dar um passeio na natureza - junto ao mar ou no bosque. Se preciso de falar com alguém, saio e vou ter com os meus amigos.
O que te faz continuar todos os dias?
O facto de a vida ser incrivelmente interessante devido à sua imensa diversidade e imprevisibilidade. Inclui momentos que são bonitos, surpreendentes, loucos, assustadores, alegres, de partir o coração, e assim por diante, mas nunca é aborrecida, desde que eu viva plenamente o momento e encontre significado em cada experiência.
O que é que faz com que a tua vida tenha um objetivo?
A própria vida. Uma oportunidade de estar aqui e agora, de experimentar e aprender, de conhecer, de sentir e pressentir, de recolher impressões, conhecimentos e sentimentos. Uma oportunidade para viveres.



